Romances, contos e crônicas se insinuam sobre seus leitores de forma longa, e envolvem sua atenção como um cobertor, no entanto, dentre todas as formas, é o poema que guarda os maiores mistérios. Os versos embora infinitamente menores do que os capítulos de um romance guardam dentro de si uma intensidade explosiva, cada estrofe tem uma sintonia de tal grandeza, que o leitor é levado ao mais fundo dos abismos sendo preso por uma eternidade de alguns segundos.
A languidez da solidão ou a ternura da amizade podem ser encontradas nas palavras dos versos. Um poeta tem a assustadora capacidade de dar sentido a vida em um simples quarteto, ou de revelar seu próprio vazio interior no clássico soneto. Existe na inspiração a arte de entender as pessoas e a de fazê-las se encontrar no que está escrito.
Versejar induz as verdades das mentiras e a todas as intenções esquecidas, tudo que é humano e grosseiramente delicado. Talvez todo poeta seja realmente um fingidor, ou quem sabe, o mais sincero dos humanos.